07/09/2012

O Jardim, a Cruz e o Sepulcro




















por Miss. Carlos Júnior

(João 18; 19; 20)

Discutiam entre si e me encostei ao longe observando seus argumentos bem elaborados. Parecia uma disputa de importância que possivelmente não acabaria ao melhor estilo hollywoodiano. De braços cruzados e a mão apoiando o nariz junto à boca, me encurvei ouvindo descrições cruzadas de todos os lados como num bang bang sem fim.

- Mas quem foi que Ele buscou quando se sentiu no aperto da angústia? E não foi sozinho! Bradou o Jardim. – E além do mais, continuou ele, alguém aí tem um nome próprio? Vejam as histórias dos jardins desde a criação do Éden até os suspensos da Babilônia. Orou comigo ao Pai e não se intimidou, até que me tornei famoso como monte, ícone de oração. Suportei Seus joelhos e fui testemunha guardando Seu suor que se tornou em sangue. Reiterou o Getsêmani. – Sem falar no acampamento de anjos que me tornei.

-Sim senhores, me culpam de ser muito crítica, mas o sabichão do nosso amigo aí em cima se esqueceu de que foi em um jardim que a humanidade se perdeu e o lugar escolhido para que o povo sofresse exílio não fica longe de babel, por mais confuso que pareça. Não querendo me gabar, mas qual era Sua profissão? Por isso me escolheram a acolhê-Lo, porque até hoje muitos morrem pelo trabalho. Disparou a Cruz. – Fiz sombra e me recostei em Seus ombros na caminhada como o discípulo amado e inspirei o mundo das ideias e letras com a minha placa poliglota e marketeira. Estou tão na moda que muitos passaram por mim antes e depois do Nazareno. A arte de artesão qualquer não ficará tão conhecida, pois na verdade inspirarei ainda muitas pinturas e obras. Não sem mais, devo lembrar a vocês que me lambuzei com a sua carne e o seu sangue ao ser punhalada pelos cravos. A Última Ceia foi comigo!

- Apesar de ser menino ainda, já tenho sabedoria o bastante para reconhecer a inutilidade de vocês. A quem poderia ser comparada a Rocha de Israel? Fiquei calado para ouvir a voz da experiência e o que escutei até aqui não passa de balela. Onde me hospedo, uma pedra oca, senão num lugar amaldiçoado por Deus. Onde deveriam decorar as mais belas flores não serviu mais que para perfumar o corpo morto, e este cheiro está impregnado em mim até hoje, resmungou o Sepulcro virgem. – Com acerto meu cheiro não é dos melhores e de madeira cortada também não, mas nem deu tempo Dele apodrecer em mim. Que os anjos estão em todos os lugares até uma criança sabe. Apesar da minha consistência rochosa culpam-me de não reter Seu corpo, coisa que nem Pilatos e muito menos a morte conseguiu. Vejo tempos que destacarão as inscrições impostas a mim pelo sumiço messiânico.

Quando viu que a discussão se tornaria numa tragédia, Tomé se achegou e afirmou que não gostava de meter o dedo onde não era chamado, mas que o anseio de toda a criação é que os filhos de Deus guardem a glória e a revelem em tempo oportuno.  Sei que o gemido e sofrimento de vocês são vaidosos, como se Deus estivesse em tudo ou fosse tudo, tentando reter uma glória que foi destinada aos homens carregar. Também me assemelhei a vocês durante um tempo até me alegrar com o Filho de Deus na esperança da fé de outros. Ao tocar no senhorio e divindade de Deus por Seu Filho Jesus, declarei pela crença, de que só poderíamos nos juntar à Sua glória entendendo Sua ressurreição pelo Espírito. Portanto encerro aqui minha fala de que nem em coisas criadas, passado ou futuro, mas pela manifestação dos filhos, a glória de Deus tem sido conhecida. Nessa esperança me despeço!

Um comentário:

  1. Mensagem maravilhosa!
    É tão lindo saber que nem o jardim, nem o sepulcro, tão pouco a cruz manifestam a Glória de Deus como seus filhos, ou seja, nós!!!
    Por mais significativas e valiosas que sejam essas coisas, não são capazes de expressar a Glória do Senhor revelada a nós.

    Deus abençoe sua vida Carlos Junior ;D

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